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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

[Opinião]“Divergente” de Veronica Roth (Porto Editora)


Sinopse:

Na Chicago distópica de Beatrice Prior, a sociedade está dividida em cinco fações, cada uma delas destinada a cultivar uma virtude específica: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a fação a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a sua família... e ser quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a própria jovem.

Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, ao mesmo tempo que se enamora por um rapaz misterioso, que umas vezes a fascina e outras a enfurece. No entanto, Tris também tem um segredo, que nunca contou a ninguém porque poderia colocar a sua vida em perigo. Quando descobre um conflito que ameaça devastar a aparentemente perfeita sociedade em que vive, percebe que o seu segredo pode ser a chave para salvar aqueles que ama... ou acabar por destruí-la.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 352
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04381-8

Opinião:

A minha curiosidade em relação a este livro, “Divergente”, nasceu de muita gente já me ter falado dele. Acabei por decidir que chegou a altura de o ler.

A ação passa-se num futuro onde as pessoas se encontram divididas em frações e que pertencem a uma delas. As escolhas que fazem definem a vida que vão ter. A fração esta acima da família.

Mas por vezes surgem indivíduos que não pertencem, ou melhor, que não tem afinidade com apenas uma fração. Esses indivíduos são apelidados de divergentes. Esse e o caso da nossa personagem principal Beatrice.

A historia e narrada por tris, como e tratada ao longo do romance. Isto acaba por limitar muito o desenrolar da ação e o conhecimento do leitor acerca dos eventos. A autora coloca o leitor a descobrir a ordem dos eventos conforme Tris os descobre, deixando-nos deliberadamente as escuras.

Existem muitas personagens no livro e muitas delas são apenas referidas, mas que parece que vão ter um papel qualquer na evolução dos eventos, para além de Tris e do Quatro, são poucas as que estão desenvolvidas e que mostram mais do que a narradora nos mostra.


A evolução da história é lenta e autora dá muita atenção à parte dos treinos o que nos auxilia bastante. Se bem que podia já ter revelado mais acerca da natureza dos divergentes. Espero que no segundo volume a autora no revele mais um pouco acerca da história e responda a algumas perguntas.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

[Opinião] “A Travessia” de WM. Paul Young (Porto Editora)


Sinopse:

Anthony Spencer é um empresário de sucesso, um homem orgulhoso e egocêntrico que não olha a meios para conseguir os seus objetivos. Um dia, o destino prega-lhe uma partida: um AVC deixa-o nos cuidados intensivos, em estado de coma.

Entre a vida e a morte, Anthony vê-se num mundo que espelha a dor e a tristeza que tem dentro de si. Confuso, sem compreender exatamente onde está e como foi ali parar, viaja pela sua consciência para compreender quem realmente é e descobrir tudo o que tem perdido ao longo da vida: a esperança, a amizade genuína e o amor verdadeiro, sentimentos que há muito o seu coração deixara de sentir.
Em busca de uma segunda oportunidade, Anthony fará uma jornada de redenção e encontro com o seu verdadeiro ser.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 304
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04235-4
Idioma:                Português

Opinião:

A vida depois da morte e o que acontece quando uma pessoa encontra-se em coma é um tema bastante comum na literatura. Em “A Travessia” conhecemos uma abordagem mais espiritual deste tema e com um realismo muito interessante, quer nas personagens quer nas situações criadas.

Tony atravessa o seu próprio purgatório e tem de aprender com os erros do seu passado e redimir-se antes que o seu corpo sucumba aos danos do AVC que teve e faleça. Esta personagem parte enquanto alma ou espírito numa viagem de auto-descoberta e de descoberta do mundo que o rodeia. Tem de aprender a libertar-se do seu egoísmo e tornar-se numa pessoa melhor nos derradeiros momentos.

Adorei a simplicidade com que o autor escreve e descreve as situações e os conflitos internos de cada personagem e a forma como trata cada assunto com destreza e de forma directa. Cada ideia que tem defende rapidamente e com uma justificação que é válida e credível dentro do Universo que criou.

Este livro podia ser triste e demasiado introspectivo, mas Wm. Paul Young consegue quebrar esta tendência com momentos de humor.

Este é um livro que nos provoca sensações intensas desde momentos de alegria até momentos que nos deixam comovidos. O seu final em aberto deixa-nos a reflectir acerca da vida e das nossas escolhas e também nos deixa a pensar se a história irá ter continuação.


Um excelente livro que se lê facilmente.

sábado, 31 de agosto de 2013

[Opinião] “O Barão” de Sveva Casati Modignani (Porto Editora)




Sinopse:

Bruno Brian di Monreale, o Barão, como é conhecido, é o último descendente de uma antiga e nobre família siciliana. Bruno cresce na Califórnia, com um pai severo e distante e uma mãe dividida entre um casamento precipitado, onde não existe amor, e uma paixão deixada na sua Sicília longínqua. No entanto, são as raízes sicilianas que levam Bruno a regressar à sua ilha natal, ao seu avô, um velho aristocrata e a Calò, o padrinho sempre presente. Serão estas duas figuras que lhe irão transmitir o saber ancestral das velhas famílias e da sua ética e código de justiça.

Bruno di Monreale envolve-se nos negócios do petróleo e das grandes multinacionais, tornando-se num homem poderoso e fascinante. Os amores inconsequentes e os casos fortuitos sucedem-se na sua vida glamorosa mas dominada pela insatisfação, até que se cruza com Karin, uma mulher reservada e misteriosa. Karin revelar-se-á o desafio por que Bruno ansiava e vai trazer-lhe o equilíbrio há tanto desejado.

Em O Barão, um dos primeiros romances da autora, Sveva Casati Modignani revela-nos os meandros de uma sociedade disposta a tudo para manter os seus privilégios, criando um mosaico de personagens vibrantes.

Ficha Técnica:

Editora                 Porto Editora
Data de Lançamento     30-08-2013
ISBN      5601023044498
Dimensões        23,5 x 15 x 2,7 com
Nº Páginas         512
Encadernação   Capa mole

Opinião:

O Barão” é o segundo livro da autora Sveva Casati Modignani que leio. É um livro complexo e com uma história complexa e que nos envolve rapidamente. 

Sveva leva-nos numa viagem pelos mais exóticos locais do mundo, desde Itália, passando por França, África e os Alpes. Ela descreve com destreza e de forma apaixonante os vários Locais e cenários onde decorre a acção.

A história passa-se em diversos tempos, quer no passado, quer no presente. Sempre relacionado de alguma forma com as personagens principais, Bruno Brian di Monreale e Karin. Quando começamos o livro notamos o mistério que os envolve aos dois e que eles utilizam máscaras emocionais que mostram ao mundo, nunca chegando ninguém a conhece-los verdadeiramente. Aos poucos as coisas são esclarecidas e entendemos as duas personagens.

Bruno é um homem muito seguro de si. Conhecido pelas suas aventuras e pelos seus casos. Ao longo da história, o personagem revela-se muito mais do que apenas um playboy, ele é um homem astuto, inteligente e que gosta de provar do que é capaz. Quando conhece Karin, fica intrigado por ela e pela sua aparente resistência aos seus encantos. Desde o início vemos que eles são perfeitos um para o outro mas será que vão conseguir fugir dos fantasmas do seu passado e ficar juntos no final.

Em paralelo a esta história conhecemos a mãe de Bruno e como as decisões que ela toma acabam por moldar o filho e a forma que ele vê a vida. Annalisa é a versão feminina do seu filho, é teimosa e toma as decisões sem pensar nas suas consequências. Mas, ao contrário de Bruno é bastante egoísta.

Os saltos temporais da história podem ser um pouco confusos inicialmente, mas depois de compreendermos a organização da história, torna-se mais fácil de compreender. Eu gostaria de ter visto um pouco mais de conflito entre Karin e Bruno. 

É um livro que vai apaixonar pela sua grande variedade de personagens e de situações.

sábado, 27 de julho de 2013

Entrevista ao Paulo M. Morais, autor do romance "Revolução Paraíso"



Paulo M. Morais é um dos mais recentes autores Portugueses cujo livro tem tido sucesso em Portugal. "Revolução Paraíso" é o seu romance de estreia e já foi criticado aqui no Blog.
É com gosto que agradeço ao Paulo M. Morais pela sua disponibilidade.




1.       O tema 25 de Abril tem sido muito utilizado na literatura e explorado. Porque é que se baseou nesta época específica da história de Portugal.

A ideia nasceu de uma série de álbuns com recortes da imprensa que foram compilados pela minha avó no pós-25 de Abril. Quando ela me passou o arquivo, comecei a germinar, devagarinho, a possibilidade de aquelas notícias serem a base de um romance. A escrita do Revolução Paraíso acabou também por preencher o meu vazio de memórias sobre aquele período tão rico e inesgotável da nossa história.

2.       Tal como podemos ver no livro todo o processo criativo incluiu muita investigação, como é que encarou essa parte do trabalho.

À medida que lia os recortes de imprensa, ia apontando os acontecimentos que poderiam entrar no romance. Quis fugir um pouco à política e procurei privilegiar os episódios de cariz mais popular e caricato. Depois verifiquei e complementei a pesquisa inicial através da consulta de outros livros, entre os quais destaco o extraordinário “Os Dias Loucos do PREC”.

3.       De todas as etapas no processo criativo, qual foi a que menos gostou.

As sucessivas revisões são tão fundamentais quanto desesperantes. Houve alturas em que já não queria acrescentar ou retirar uma vírgula! Mas depois lá reunia forças para reler e alterar o manuscrito. Também foi complexo e trabalhoso tentar entrelaçar, no tempo e no espaço, os acontecimentos históricos com as personagens ficcionais.

4.       Como foi receber o sim da Porto Editora?

Extraordinário. Lutei muito por tentar ser publicado numa editora de prestígio e não podia ter ficado mais contente quando recebi a boa notícia. Nunca me hei de esquecer do dia em que fui recebido nas instalações da Porto Editora e me deram as boas vindas como um novo autor da casa. Só aquele momento provou-me que vale a pena batalhar pelos nossos objetivos e sonhos.

5.       Como é que organiza a sua vida pessoal e profissional com a vida de escritor.

A área do jornalismo, como muitas outras, tem sofrido uma enorme sangria nos últimos anos. Quando o trabalho escasseou, decidi encarar a situação como uma oportunidade e lancei-me à escrita do meu primeiro romance. Infelizmente, o tempo livre foi-se mantendo e eu continuei a aproveitá-lo para escrever ficção, alimentando a paixão que entretanto despertou.

6.       Em que ponto a sua formação académica o ajudou a escrever este romance.

Talvez no método com que abordei a escrita do romance, apostando no trabalho árduo em vez de ficar simplesmente a aguardar pela chegada da inspiração. Ser jornalista também me ajudou no campo da pesquisa e no estabelecimento de prazos a cumprir. Mas também foi preciso esquecer algumas regras da profissão, como a objetividade ou a escrita sintética, para deixar respirar o aspirante a escritor.

7.       Qual é a sua personagem preferida?

É ingrato ter de escolher uma personagem favorita. Até consigo nutrir simpatia pelo ex-pide Olímpio Chagas, apesar de abominar os valores que ele defende. Tentei compreender todas as personagens, para as escrever de forma mais fiel. Apesar de tudo, a Eva mulher de letras acabou por ganhar um papel especial, pelo que representa no romance mas também pelo facto de ter sido a personagem que me “ensinou” a liberdade de escrever sem barreiras, medos ou censuras.

8.       Como é que nasceu o seu gosto pela escrita?

Sempre tive maior facilidade na expressão escrita do que oral, o que acabou por me direcionar profissionalmente para o jornalismo. Mas um jornalismo de palavras escritas, nas revistas e nos jornais. Após muitos romances lidos e quase vinte anos de escrita jornalística, achei que talvez estivesse preparado para me lançar na ficção. E desde então que não consegui parar de romancear.

9.       Quais são as suas influências e porquê.

Gosto muito da escola norte-americana que passa por nomes como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway ou os contemporâneos Philip Roth e Cormac McCarthy. Fascina-me a capacidade de contar histórias que podem ser complexas através de uma linguagem simples que é, ao mesmo tempo, muitíssimo cuidada. Mas em termos de universos e imaginários, sinto-me muito devedor da originalidade de José Saramago, da ironia de Eça de Queiroz ou das introspeções de Fernando Pessoa. 

10.   Quais são os planos para o futuro, mais livros?


Em termos de jornalismo, gostaria de implementar algumas ideias para rubricas nas áreas da gastronomia, das viagens ou das experiências. E também gostaria de voltar a fazer crítica de cinema. Quanto à escrita de romances, não tenho estado parado. E só espero ter condições para concretizar as ideias que se vão acumulando na cabeça.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

[Opinião] “Segredos para um final Feliz” de Lucy Dillon (Porto Editora)


Sinopse:

Quando Michelle convida Anna para gerir e fazer renascer a moribunda livraria de Longhampton, é como se um sonho se tornasse realidade: para além de conquistar, finalmente, alguns momentos de paz longe das enteadas problemáticas e do dálmata hiperativo, Anna é uma sonhadora completamente apaixonada por livros.

Serão as histórias de amor, aventuras, jardins secretos, cães perdidos, bruxas malvadas e pêssegos gigantes a trazer nova vida à negligenciada loja. Anna e os seus clientes/leitores vão deixar-se levar pela magia. E nem a melhor amiga de Anna - a organizada e empreendedora Michelle, que diz categoricamente não acreditar no amor verdadeiro nem em príncipes encantados - ficará imune ao espirito love is in the air.

Mas quando alguns segredos da infância de Michelle voltam para a atormentar e o fracasso familiar paira sobre Anna, poderá a sabedoria das histórias de encantar ajudar as duas amigas - e aqueles que elas amam - a encontrar os seus próprios finais felizes?

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 464
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04607-9

Opinião:

Segredos para um final feliz” é um romance acerca do amor e da amizade, é acerca dos relacionamentos entre pessoas e das fragilidades de cada um.

Acompanhamos o dia-a-dia de duas amigas, Anna e Michelle, e como elas lutam para vencer os obstáculos que aparecem no seu caminho.

Tal como na vida real as relações são complicadas e têm altos e baixos. E entre Michelle e Anna isso também acontece. Seguimos os seus passos ao longo do dia-a-dia e ficamos a conhecer as suas frustrações e os seus receios.

“- Quer dizer exatamente o que quer dizer. – Anna estava ao rubro. – Eu contei-te sempre tudo, Michelle. Todas as minhas preocupações com o Phil e as meninas, e do quanto desejo ter um filho. Mas tu escondes-me coisas! E não só de mim. Manténs toda a gente à distância, porque assim não tens de te preocupar com os outros. Podes ser um poço de sabedoria e de sensatez em relação a toda a gente. Será por isso que não gostas tanto da livraria como da tua loja? Porque os clientes entram aqui só para conversar? Não se limitam a comprar um abat-jour e voltar para os seus lares perfeitos: conversa, partilham coisas. Por isso, isto não significa só dinheiro. Mas não te importa, porque nunca o entendeste.”

Aqui conseguimos ver o grau da complexidade e realismo da obra. Porque facilmente, um de nós diria isto a um amigo numa situação semelhante.

Michelle é uma mulher misteriosa, que desde o início da obra notamos que esconde algo sobre si mesma e que evita falar com tanta veemência como foge também de qualquer relação. Anna pelo seu lado faz tudo para que todos fiquem felizes, ignorando os seus próprios desejos e necessidades.

É muito interessante ver a relação entre as duas e como esta funciona.

As descrições que Lucy Dillon utiliza são curtas e sem grandes divagações, vêmo-nos naqueles ambientes, as casas, as lojas, o clima frio de Inglaterra são facilmente transmitidos aos leitores.


Segredos para um Final Feliz” é um livro que se lê facilmente e que entretém o leitor, o qual se vê transportado para aquele mundo e se sente próximo das personagens que são muito realistas.

terça-feira, 21 de maio de 2013

[Opinião] “Viver depois de ti” de Jojo Moyer (Porto Editora)




Sinopse:

Lou Clark sabe muitas coisas. Sabe quantos passos deve dar entre a paragem do autocarro e a sua casa. Sabe que trabalha na casa de chá The Buttered Bun e sabe que não está apaixonada pelo namorado, Patrick. O que ela não sabe é que vai perder o emprego e que todas as suas certezas vão ser postas em causa.
Will Traynor sabe que o acidente de motociclo lhe tirou o desejo de viver. Sabe que agora tudo lhe parece triste e inútil e sabe como pôr fim a este sofrimento. O que não sabe é que Lou vai irromper na sua vida com toda a energia e vontade de viver. E nenhum deles sabe que as suas vidas vão mudar para sempre.
Em Viver depois de ti, Jojo Moyes aborda um tema difícil e controverso com sensibilidade e realismo, obrigando-nos a refletir sobre o direito à liberdade de escolha e as suas consequências.

Ficha técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 424
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04577-5

Opinião:

As pessoas que conhecemos marcam e mudam a nossa vida. É esta a mensagem que tirei deste livro. É simples sim, mas a subtileza com que é contada por Jojo Moyes, torna este romance numa obra de arte que emociona todos os que a leem. A história que a autora criou em “Viver depois de ti” provoca no leitor um misto de emoções, por vezes rimos, outras sentimos as lágrimas virem-nos aos olhos. É uma história repleta de sensações que agitam o leitor e o guiam pelas páginas. Sentimos aquele constante aperto no coração de quem quer saber mais e que almeja por um final feliz.

Confesso que, inicialmente, adorei a personagem do Will Traynor por ser mauzinho e irrascível para todos os que o rodeavam, estava repleto de autopiedade e não deixava ninguém se aproximasse até Lou Clark ser contratada para “tomar conta dele”. Ao longo da história vemos a evolução da relação dos dois, contada na primeira pessoa por esta e também com partes contadas por Camilla Traynor e Katrina Clark, o que permite uma melhor visão de certos acontecimentos.  A única personagem que não narra na primeira pessoa é o Will Traynor, nunca sabemos o que é que ele está realmente a pensar. A personagem que mais detestei foi mesmo a do namorado, Patrick, que estava mais interessado em correr e no seu corpo do que na namorada e lhe dar atenção. Era demasiado convencido e pomposo, e muito preconceituoso.

O realismo da autora nesta obra é assombroso. Ela consegue colocar de uma forma crua os diversos problemas e o preconceito que uma pessoa em cadeira de rodas enfrenta no seu dia-a-dia. A minha cena preferida é a dos anos da Lou, o comentário sarcástico que Will faz à saída fez com que eu desse umas valentes gargalhadas:

- Pois, você é um homem de sorte – disse o Will, enquanto o Nathan o levava embora. – Não há dúvida de que ela sabe dar um bom banho na cama. – Disse-o tão depressa que a porta se fechou antes que o Patrick tivesse tempo de perceber o que ele tinha dito.

Esta pequena fala mostra-nos o humor da personagem e o livro está repleto de exemplos destes e de discussões entre Will e Lou que nos levam a rir.

É um livro que nos abre a uma realidade que nos passa ao lado e que preferimos ignorar. Um romance cujo final é surpreendente mas que nos deixa com um sabor agridoce.

Para mais informações ou adquirir o livro, clique aqui.

sábado, 4 de maio de 2013

[Opinião] “Revolução Paraíso” de Paulo M. Morais (Porto Editora)



Ficha Técnica:

Págs.: 360
Capa: mole
PVP: 16,60 €

Sinopse:

Enquanto nas ruas se decide o futuro de um país, na tipografia de Adamantino Teopisto vive-se um misto de enredo queirosiano, suspense de um policial e ternura de uma novela: com sabotagens, amores proibidos e cabeças a prémio; tudo num ambiente de revolução apaixonado. O rebuliço generalizado tem repercussões no alinhamento do jornal e no dia a dia das gentes de São Paulo e do Cais do Sodré. A revolução é o tópico das conversas nas tascas, nas ruas, no prédio da Gazela Atlântica, contribuindo para o exacerbar das tensões latentes entre o patrão Adamantino e os funcionários. A vivacidade de uma estagiária, as manigâncias de um ex-PIDE foragido, os comentários de um taberneiro e as intromissões de um proxeneta e de uma prostituta agravam ainda mais a desordem ameaçadora que paira no ar. Nada foi igual na vida dos portugueses após a Revolução dos Cravos. Nada foi igual na vida da “família” Gazela Atlântica após o 25 de Abril.

Opinião:

Trinta e Nove anos passaram desde o 25 de Abril e já muito foi dito acerca desta época. Paulo M. Morais arriscou muito ao estrear-se com um romance num tema já tão explorado. “RevoluçãoParaíso” é o seu romance de estreia. Apesar disto ele consegue mostrar-nos um lado mais humano, mais ligado ao povo, da revolução.

O autor decidiu abordar, neste livro, os tempos conturbados pós-revolução. Na Gazeta Atlântica, ainda se vive em conflito com a adaptação a um mundo sem ditadura e sem censura, nesta época de transição um pequeno deslize podia levar a uma pessoa podia ser apelidada de reacionária.

Paulo M. Morais foi bastante fiel aos factos históricos conhecidos. Isto revela todo o trabalho de investigação que ele desenvolveu para o romance “Revolução Paraíso”.

As personagens que ele criou são bastante realistas e o autor conseguiu transmitir com sucesso os seus sentimentos e pensamentos ao leitor. Conseguimos sentir empatia com estas e os seus problemas, amores e desamores. Cada um estava preso às suas ideias e vivências. A maioria das personagens são masculinas, tendo apenas duas femininas a Eva e a Pandora, pelos seus nomes dão um anúncio de desgraça para o futuro das personagens do livro.

Quanto à evolução da acção, esta varia entre momentos mais rápidos e momentos mais parados, estes são as partes da Eva. Nesta parte, o autor tem um contacto mais directo com o leitor, alterando entre um narrador na terceira e um na primeira pessoa (Eva), nesta parte o autor é mais intimista e introspectivo. Mostrando assim a sua versatilidade de escrita e o seu domínio dos dois tipos de narradores, já que ambos não se encontram em conflito.

É um livro bastante interessante para todos os portugueses porque relembra os motivos pelos quais tanta gente lutou contra a ditadura.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

[Opinião] “Uma Promessa de Felicidade” de Anita Shreve (Porto Editora)



Sinopse:

Margaret e Patrick estão casados há apenas alguns meses quando decidem partir para o Quénia, convencidos de que irão viver uma grande aventura em África. No entanto, Margaret depressa se apercebe de que não conhece os costumes complexos do seu novo lar e tão-pouco o homem que tem ao seu lado.
Quando, certo dia, um casal inglês os convida para escalar o monte Quénia, eles aceitam, entusiasmados, o desafio. Porém, durante a árdua subida, ocorre um terrível acidente e, no rescaldo da tragédia, Margaret ver-se-á enredada numa teia de dúvidas sobre o que se passou realmente na montanha. Estes acontecimentos, que a irão afetar profundamente, terão consequências indeléveis no seu casamento.
Uma Promessa de Felicidade retrata-nos a relação de um casal, o impacto definitivo da tragédia e a natureza esquiva do perdão. Com uma linguagem soberba e uma enorme profundidade, Anita Shreve conduz-nos pelas paisagens exóticas de África, numa viagem até ao interior de nós mesmos.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 272
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04551-5

Opinião:

Quando li a sinopse deste livro a minha curiosidade aguçou-se. Este aborda a vida de um casal recém-casado que se muda para o Quénia por causa do trabalho de Patrick enquanto Investigador de doenças tropicais.
A perda da inocência por parte das personagens após uma tragédia é o ponto de viragem do livro e que provoca uma alteração na vida perfeita das personagens. A subida ao Monte Quénia, tomada por todos como uma diversão torna-se um pesadelo. Margaret é a mais lenta e que tem mais dificuldades na subida, ignorada pelo próprio marido durante o percurso apenas encontra conforto e encorajamento em Artur, que pode ter ou não ter segundas intensões. Uma expedição mal preparada que acaba por acabar em catástrofe. A personagem principal, Margaret tenta superar a vida enquanto a vida lhe traz mais surpresas e tragédias.
Este foi o primeiro livro que li desta autora, da qual a Porto Editora já publicou outros dois títulos, “Testemunho” e “A Ilha dos Desencontros”. Fiquei bastante satisfeita com esta leitura porque vai para além da vida do casal, a autora também nos mostra a realidade da vida em África e as diferenças sociais entre as classes sociais e entre as diferentes etnias. E também do confronto entre culturas, como é o caso dos ocidentais e os massai.
Os conflitos internos das personagens estão bem descritos e as suas personalidades bem vincadas. Bem como os confrontos entre elas e os efeitos que os acontecimentos têm em cada uma. Margaret é uma mulher que tem as suas inseguranças e tenta se encontrar ao longo do livro, perseguindo os seus interesses e os seus ideais. A procura do equilibro torna-se uma obsessão, assim como salvar o casamento com Patrick.
A sua procura leva-a a aceitar um trabalho onde vai ser confrontada com a complexidade da política queniana e com a corrupção. Com duas novas tragédias ela é separada do seu colega Rafiq, por quem começa a desenvolver sentimentos e que cria mais um atrito no seu casamento já de si fragilizado.
As descrições das paisagens africanas são pormenorizadas, muito realistas possivelmente baseadas no que viu durante os três anos que viveu em Nairobi, no Quénia.
“Uma manada de antílopes-anões atravessou velozmente à frente do carro e ela teve a sensação de estar a assistir a um filme em cinerama da sua infância. Estavam rodeados pelo som de insectos, mas Rafiq ia mantendo uma velocidade suficiente para evitar a entrada daquelas densas nuvens no carro. De vez em quando, Margaret tinha de enxotar uma mosca curiosa. O cheiro dominante recordava-lhe cânhamo.”
Esta citação é apenas um exemplo de como as suas descrições abrangem todos os sentidos, transportando-nos para aquelas paisagens exóticas.
Um livro surpreendente com um final inesperado, que encanta o leitor