Sinopse:
David é um homem pacato e
solitário, desde que o seu casamento de vinte anos terminou. É no stand de
automóveis que dirige que afoga as memórias do passado e a solidão do presente.
Afastado de casa e dos filhos, é obrigado a gerir sozinho as acções e as
escolhas que fez ao longo da vida, nas quais Diana, uma amiga de infância que
considera irmã, tem um papel fundamental. Diana é o seu porto de abrigo e o seu
braço direito, mas foi mais do que isso durante o casamento agora destruído.
A afinidade entre David e Diana,
também divorciada, é quebrada pela chegada de uma mulher ruiva que revela muito
pouco de si própria. Laura é atraente e misteriosa e a atracção que sente por
David é mútua e intensa. Será ela a mulher doce e simples que aparenta ser?
Entre o stand e a joalharia que
os separa, passa a alternar-se a languidez dos dias com a turbulência das
noites, e David acaba por se embrenhar num mundo perigoso de segredos, mentiras
e traições. Dividido entre duas mulheres, estará David a encaminhar-se para o
fundo do abismo?
Ficha Técnica:
1ª Edição: Novembro 2013
Editor: Alfarroba
Colecção: Romance
ISBN: 978-989-8455-83-3
Formato: 21 x 14 cm
Páginas: 244
Opinião:
Este é o segundo livro que leio
de Carina Rosa, o primeiro foi “O Intruso”, o qual já foi criticado aqui o blog
anteriormente. Tal como no anterior a autora tenta criar um clima de tensão
logo no início do livro, se bem que este é mais relacionado para as relações
entre as personagens do que é mais orientado para as relações entre as
personagens e não tanto para o mistério.
A história começa de uma forma bastante
interessante e que desperta a curiosidade do leitor e o leva a querer continuar
a ler para saber como é que a personagem chegou àquele ponto. O que é que o
motivou. Quanto aos temas abordados são bastante complexos e que por vezes são
considerados tabú na literatura. A violência doméstica é um dos temas que a
Carina Rosa aborda de uma forma interessante nesta obra.
As personagens que ela criou são
mais maduras que as do livro anterior e isso faz com que a evolução da história
seja diferente e talvez não previsível.
David é um homem que inicialmente
me parece maduro e solitário, a quem a melhor amiga intitula de “Autoritário e
controlador”, esta personagem que deveria ser o herói não é cavaleiro andante
que estávamos à espera, ele é muito inseguro e também não decide o que quer,
anda para trás e para a frente à espera de ver o que vai acontecer. Não gostei
particularmente dele, pois parece-me demasiado egoísta e egocêntrico. Pensa que
o mundo inteiro gira à sua volta.
Diana está demasiado envolvida
com David. Ela vive uma relação tóxica e viciante da qual não consegue sair e
que depende desta para ser feliz. Quando David se afasta ela sofre e isso é bem
patente no texto.
Laura por sua vez vive uma ilusão
com David. Torna a relação num escape para a realidade da sua vida. E isso
torna-se demasiado confuso e conflituoso. Vive uma relação de controlo e medo
com o marido e da qual tem de escapar rapidamente.
Das três personagens principais a
que, para mim, mais evoluiu foi a Diana, vemo-la em várias fases e em
diferentes estados de humor. Acaba por ser ela que decide a sua própria vida.
Uma personagem que podia ter sido
mais explorada no romance era o César, porque a autora não trata muito dele e
acabamos por estranhar a sua participação num dos momentos chave da história.
A autora utiliza muitos flashbacks ao longo da história e por
vezes repete algumas ideias mas isso não torna o livro maçador nem complicado.
Um segundo livro bastante
interessante e que nos deixa com curiosidade de saber para onde se encaminha esta
autora.