domingo, 30 de junho de 2013

[Opinião] “Uma Espia no meu passado” de Lucinda Riley (Edições ASA)


Sinopse:

Côte d’Azur, 1998. Émilie lutou sempre contra o seu passado aristocrático. Agora, com a morte da mãe, é obrigada a confrontá-lo pois é a única herdeira do imponente castelo da família. Mas com a casa vem uma pesada dívida e muitas interrogações: qual era a finalidade do quarto secreto que descobre por baixo da adega? Quem é a misteriosa Sophia, que assina um comovente caderno de poemas? Quem foram os protagonistas da trágica paixão que mudou o curso da história da família?

Londres, 1943. Em plena Segunda Guerra Mundial, a inexperiente Constance Carruthers é recrutada pelos serviços de espionagem britânicos e enviada para Paris. Um incidente separa-a do seu contacto na Resistência Francesa, obrigando-a a refugiar-se junto de uma família aristocrata que entretém membros da elite de Hitler ao mesmo tempo que conspira para libertar o país. Numa cidade repleta de espiões e no auge da ocupação nazi, Constance vai ter de decidir a quem confiar o seu coração.

Constance e Émilie estão separadas por meio século mas unidas por laços que resistiram à força demolidora do tempo. Os segredos que o passado encerra pulsam ainda em busca de redenção.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 496
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892323619

Opinião:

Este livro atraiu-me primeiramente pela capa e pela sinopse que me atraiu e despertou a curiosidade.

O livro é narrado em dois períodos temporais, a actualidade, onde acompanhamos Émilie e todos os que com ela lidam, e no final da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos, Constance, Sophia e Édouard.
Desde as primeiras páginas, nós notamos que existe algum mistério, algo no passado do pai de Émilie, Édouard, que ele tentou esconder e que de alguma forma está relacionado com Constance e o súbito aparecimento de Sebastian.

O livro começa com a morte de Valerie, a mãe de Émilie. Esta é muito insegura devido ao distanciamento que tinha de sua mãe, a qual ela não conhecia muito bem mas que sempre deixou transparecer uma atitude fria e desinteressada. Émilie vê-se assim sozinha no mundo, sem qualquer familiar. E é arrebatada, neste momento de fraqueza, por Sebastian, o qual parece inicialmente ser uma coisa, mas com o evoluir da história notamos que algo de errado se passa. Como se pode constatar no seguinte diálogo:

- Vais embora? – perguntou.
- Sim. Vou para Londres, amanhã.
- Nesse caso, vou contigo.
- Duvido que a pocilga onde fico mereça a tua aprovação.
- Não quero saber disso. – disse ela, decidida.
- Bem, talvez eu queira.
- Posso pagar para ficar num hotel.
- Pela última vez, não quero mais do raio do teu dinheiro!

Émilie é uma mulher marcada por uma infância triste e isso a tornou insegura em inúmeros campos. Com o evoluir da história, vemo-la a desabrochar e a tornar-se numa mulher decidida e forte. A qual nos surpreende nos capítulos finais.

Quanto a Sebastian, esta personagem surge como o cavaleiro andante que vai salvar a donzela do perigo. Mas deixa-nos com a impressão que esconde algo que não sabemos o quê. Desconfiamos ao longo da história de várias coisas, mas é só nos capítulos finais que percebemos tudo.

Alex, o irmão de Sebastian, é retratado inicialmente como irascível, manipulador e vingativo, como um menino mimado preso a uma cadeira de rodas que não descansa até ver todos infelizes. Émilie acaba por ter de lidar com ele, ao longo dos lias que fica abandonada na decrépita mandão de Blackmoor Hall.

A história do Período da Segunda Grande Guerra é narrada por Jacques, fiel funcionário dos de la Martinières desde sempre, o qual revela o passado de Constance, Édouard e Sophia e o grande segredo da família que foi abafado e que a maioria das personagens levou para a campa. É nesta fase que Émilie compreende melhor o seu pai e o que se passou nessa época, e como todos esses eventos o mudaram.

Edouard era um francês patriota que ajudava a resistência, passando informações para eles sempre que conseguia obtê-las junto de altas patentes alemãs graças aos seus conhecimentos e posição social, o que o punha numa posição privilegiada. Ele muda ao longo da história para o homem que Émilie conheceu.

Sophia, sua irmã, é tratada como uma flor delicada e com aspecto frágil que todos tentam tratar como uma criança e que tentam proteger do mundo. Ninguém a consegue ver como a mulher que ela é. Acaba por se ver envolvida na vida dupla do seu irmão e sofre com isso. Toda a sua existência é um mistério para Émilie.

Depois temos Connie, a espia inglesa, uma homenagem para todas as mulheres, sejam inglesas ou francesas, que sacrificaram as suas vidas para que o regime Nazi fosse derrotado. Ela é uma mulher forte e decidida a quem o azar persegue. Acaba por se sacrificar pelos de Martinières. Os seus actos a marcaram profundamente até à hora da sua morte.

Finalmente, temos os dois gémeos alemães, Falk e Frederick, cujas semelhanças terminam na aparência. Os dois não podiam ser mais díspares, Falk, o mais novo, era mau e cruel, parecia tirar prazer de todo o mal que fazia a um ser humano. Frederik, o mais velho, apenas fazia o que tinha de ser devido a ser obrigado, tentando garantir a sua sobrevivência, Falk é o vilão de toda a história, um homem desprezível que desejamos que acabe por pagar por todos os seus pecados.

A história flui naturalmente e a acção tem um ritmo próprio que a torna muito agradável de ler. Gostei bastante da forma como Lucinda Riley escreve e as suas descrições são bastante clara e simples.

O sol já iniciara a última parte do seu percurso descendente quando Émilie começou a caminhar pelo solo pedregoso entre as filas de frágeis videiras. Nas semanas que iam seguir-se, haviam de crescer como ervas daninhas para produzir os doces e gordos frutos que seriam apanhados na vendange do fim do verão e dariam origem ao vinho do ano seguinte.


Ela consegue recriar todos os ambientes e transmitir com sucesso os sentimentos das personagens. Este é um livro para se ler e reler ao longo da vida.

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