Sinopse:
Côte d’Azur, 1998. Émilie lutou
sempre contra o seu passado aristocrático. Agora, com a morte da mãe, é
obrigada a confrontá-lo pois é a única herdeira do imponente castelo da
família. Mas com a casa vem uma pesada dívida e muitas interrogações: qual era
a finalidade do quarto secreto que descobre por baixo da adega? Quem é a
misteriosa Sophia, que assina um comovente caderno de poemas? Quem foram os
protagonistas da trágica paixão que mudou o curso da história da família?
Londres, 1943. Em plena Segunda
Guerra Mundial, a inexperiente Constance Carruthers é recrutada pelos serviços
de espionagem britânicos e enviada para Paris. Um incidente separa-a do seu
contacto na Resistência Francesa, obrigando-a a refugiar-se junto de uma
família aristocrata que entretém membros da elite de Hitler ao mesmo tempo que
conspira para libertar o país. Numa cidade repleta de espiões e no auge da
ocupação nazi, Constance vai ter de decidir a quem confiar o seu coração.
Constance e Émilie estão
separadas por meio século mas unidas por laços que resistiram à força
demolidora do tempo. Os segredos que o passado encerra pulsam ainda em busca de
redenção.
Ficha Técnica:
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 496
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892323619
Opinião:
Este livro atraiu-me
primeiramente pela capa e pela sinopse que me atraiu e despertou a curiosidade.
O livro é narrado em dois
períodos temporais, a actualidade, onde acompanhamos Émilie e todos os que com
ela lidam, e no final da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos, Constance,
Sophia e Édouard.
Desde as primeiras páginas, nós
notamos que existe algum mistério, algo no passado do pai de Émilie, Édouard,
que ele tentou esconder e que de alguma forma está relacionado com Constance e
o súbito aparecimento de Sebastian.
O livro começa com a morte de
Valerie, a mãe de Émilie. Esta é muito insegura devido ao distanciamento que tinha
de sua mãe, a qual ela não conhecia muito bem mas que sempre deixou
transparecer uma atitude fria e desinteressada. Émilie vê-se assim sozinha no
mundo, sem qualquer familiar. E é arrebatada, neste momento de fraqueza, por
Sebastian, o qual parece inicialmente ser uma coisa, mas com o evoluir da
história notamos que algo de errado se passa. Como se pode constatar no
seguinte diálogo:
- Vais embora? – perguntou.
- Sim. Vou para Londres, amanhã.
- Nesse caso, vou contigo.
- Duvido que a pocilga onde fico mereça a tua aprovação.
- Não quero saber disso. – disse ela, decidida.
- Bem, talvez eu queira.
- Posso pagar para ficar num hotel.
- Pela última vez, não quero mais do raio do teu dinheiro!
Émilie é uma mulher marcada por
uma infância triste e isso a tornou insegura em inúmeros campos. Com o evoluir
da história, vemo-la a desabrochar e a tornar-se numa mulher decidida e forte. A
qual nos surpreende nos capítulos finais.
Quanto a Sebastian, esta
personagem surge como o cavaleiro andante que vai salvar a donzela do perigo. Mas
deixa-nos com a impressão que esconde algo que não sabemos o quê. Desconfiamos ao
longo da história de várias coisas, mas é só nos capítulos finais que
percebemos tudo.
Alex, o irmão de Sebastian, é
retratado inicialmente como irascível, manipulador e vingativo, como um menino
mimado preso a uma cadeira de rodas que não descansa até ver todos infelizes.
Émilie acaba por ter de lidar com ele, ao longo dos lias que fica abandonada na
decrépita mandão de Blackmoor Hall.
A história do Período da Segunda
Grande Guerra é narrada por Jacques, fiel funcionário dos de la Martinières
desde sempre, o qual revela o passado de Constance, Édouard e Sophia e o grande
segredo da família que foi abafado e que a maioria das personagens levou para a
campa. É nesta fase que Émilie compreende melhor o seu pai e o que se passou
nessa época, e como todos esses eventos o mudaram.
Edouard era um francês patriota que
ajudava a resistência, passando informações para eles sempre que conseguia
obtê-las junto de altas patentes alemãs graças aos seus conhecimentos e posição
social, o que o punha numa posição privilegiada. Ele muda ao longo da história
para o homem que Émilie conheceu.
Sophia, sua irmã, é tratada como
uma flor delicada e com aspecto frágil que todos tentam tratar como uma criança
e que tentam proteger do mundo. Ninguém a consegue ver como a mulher que ela é.
Acaba por se ver envolvida na vida dupla do seu irmão e sofre com isso. Toda a
sua existência é um mistério para Émilie.
Depois temos Connie, a espia
inglesa, uma homenagem para todas as mulheres, sejam inglesas ou francesas, que
sacrificaram as suas vidas para que o regime Nazi fosse derrotado. Ela é uma
mulher forte e decidida a quem o azar persegue. Acaba por se sacrificar pelos
de Martinières. Os seus actos a marcaram profundamente até à hora da sua morte.
Finalmente, temos os dois gémeos
alemães, Falk e Frederick, cujas semelhanças terminam na aparência. Os dois não
podiam ser mais díspares, Falk, o mais novo, era mau e cruel, parecia tirar
prazer de todo o mal que fazia a um ser humano. Frederik, o mais velho, apenas
fazia o que tinha de ser devido a ser obrigado, tentando garantir a sua
sobrevivência, Falk é o vilão de toda a história, um homem desprezível que
desejamos que acabe por pagar por todos os seus pecados.
A história flui naturalmente e a acção
tem um ritmo próprio que a torna muito agradável de ler. Gostei bastante da
forma como Lucinda Riley escreve e as suas descrições são bastante clara e
simples.
O sol já iniciara a última parte do seu percurso descendente quando
Émilie começou a caminhar pelo solo pedregoso entre as filas de frágeis videiras.
Nas semanas que iam seguir-se, haviam de crescer como ervas daninhas para
produzir os doces e gordos frutos que seriam apanhados na vendange do fim do
verão e dariam origem ao vinho do ano seguinte.
Ela consegue recriar todos os
ambientes e transmitir com sucesso os sentimentos das personagens. Este é um
livro para se ler e reler ao longo da vida.