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quinta-feira, 20 de março de 2014

[Opinião] “As primeiras Coisas” de Bruno Vieira Amaral (Quetzal)


Sinopse:

Quem matou Joãozinho Treme-Treme no terreno perto do depósito da água? O que aconteceu à virginal Vera, desaparecida de casa dos pais a dois meses de completar os dezasseis anos? Quem foi o homem que, a exemplo do velho Abel, encontrou a paz sob o céu pacífico de Port of Spain? Porque é que os habitantes do Bairro Amélia nunca esquecerão o Carnaval de 1989? Quem é que poderá saber o nome das três crianças mortas por asfixia no interior de uma arca? Onde teria chegado Beto com o seu maravilhoso pé esquerdo se não fosse aquela noite aziaga de setembro? Quantos anos irá durar o enguiço de Laura? De que mundo vêm as sombras de Ernesto, fabuloso empregado de mesa, Fernando T., assassinado a 26 de dezembro de 1999, Jaime Lopes, fumador de SG Ventil, Hortênsia, que viveu e morreu com medo de tudo? Quando é que Roberto, anjo exterminador, chegará ao bairro para consumar a sua vingança?

Memórias, embustes, traições, homicídios, sermões de pastores evangélicos, crónicas de futebol, gastronomia, um inventário de sons, uma viagem de autocarro, as manhãs de Domingo, meteorologia, o Apocalipse, a Grande Pintura de 1990, o inferno, os pretos, os ciganos, os brancos das barracas, os retornados: a Humanidade inteira arde no Bairro Amélia.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 312
Editor: Quetzal
ISBN: 9789897221217

Opinião:

“As primeiras coisas” é um livro sobre um bairro e as suas pessoas, é um livro acerca da solidão e o isolamento em que vivemos na actualidade.

O autor apresenta-nos um retrato de um bairro e das suas gentes, como este evolui no tempo e as pessoas como crescem e o rumo que as suas vidas seguem. Bruno Vieira Amaral consegue agarrar o leitor desde o inicio do romance:

“Quando, em finais dos anos noventa, voltei as costas ao Bairro Amélia, com os seus estendais de gente mórbida, a banda sonora incessante das suas misérias, nunca pensei que a vida me devolveria ao ponto de partida”.

O Bairro Amélia faz parte de todos nós, de uma forma ou de outra conseguimos encontrar personagens com as quais nos identificamos ao longo do romance, conhecemos alguém que passou por alguma situação semelhante às descritas nos livros, ou nos fazem lembrar alguma história que nos contaram.

O livro lê-se facilmente devido aos contos serem, na sua maioria, breves e o autor escreve de uma forma clara e directa. Por vezes parece que estamos a ler o diário, ou as memórias de uma pessoa que nos mostra o interior da sua alma e dos seus pensamentos.


“As primeiras coisas” é um livro que está interessante e que se recomenda para todos que gostem de livros de contos.