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segunda-feira, 6 de abril de 2015

[Opinião] "O Homem do Puzzle" de Fausta Cardoso Pereira (Planeta)



Sinopse:



Um contabilista misantropo, uma secretária tatuada, um Mestre impressor reconvertido e o Filho do Senhor Engenheiro: onde se esconde a peça que falta à paisagem mais difícil do mundo?

Diz-se que basta pôr um pauzinho na engrenagem para fazer descarrilar todo um sistema. Tirar um pauzinho pode ter o mesmo efeito. Estaremos prontos, no momento certo, para dar o salto, abrir a porta e fugir das prisões que construímos?
Um contabilista solitário tem um vício secreto, que alastra pelas paredes da sua casa – cuidadosamente fechada a olhares exteriores – e pelas horas nocturnas, roubadas à vida oficial e vazia de interesses que lhe preenche os dias. Até que um pequeno imprevisto abala de forma dramática esta ordem de coisas: a falta de uma peça entre nove mil outras pode fazer tombar uma fábrica, uma sociedade, várias vidas. E ligar os destinos de desconhecidos que fazem, ainda que o não saibam, parte de um mesmo puzzle...
Uma fábula sobre a paralisação e a mudança, a dificuldade de agir e a importância fundamental de não perdermos um horizonte de liberdade, contada por uma ficcionista que se revela numa escrita clara e num olhar acutilante sobre o mundo e a matéria humana, triste e alegre, que o constrói.

Ficha Técnica:

Edição/reimpressão: 2015
Páginas: 176
Editor: Editorial Planeta

ISBN: 9789896575946

Opinião:

"O Homem do Puzzle" é o primeiro livro que li de Fausta Cardoso Pereira. É um livro bastante pequeno e de leitura rápida que nos vai fazer entrar num mundo muito diferente do que estamos habituados.

Desde pequena que achei engraçado fazer puzzles, mas nunca dediquei muito tempo a essa actividade, sempre quis fazer um daqueles grandes com mais de mil peças, infelizmente nunca tive tempo para isso e portanto sempre adiei. Quando vi o tema deste livro achei que seria interessante. 

Fausta Cardoso Pereira mostrou-me uma pessoa que levou um passatempo ao extremo que se tornou um vício que tinha de manter e do qual sentia vergonha da sua vida e do que fazia. Mário, de seu nome, tentava recuperar a alegria na sua vida e usava como escape os puzzles pelo desafio que eles proporcionavam mas também mas também pela sensação de escape à realidade que iniba os seus sentimentos e a realidade. Esta alienação é bem patente na descrição da página 15:

Eram sete horas do dia dez de Fevereiro e corria-me no sangue a urgência de despir o puzzle, de rasgar o papel cor de tijolo para o ver e inspirar-lhe o cheiro. Queria lançar-lhe as mãos em todo o volume ainda por ordenar e deslizar milimetricamente a ponta dos dedos pelas extremidades de cada peça, em busca de qualquer rugosidade que me ajudasse a identificar a individualidade de cada uma.

Este pequeno excerto poderia referir-se ao puzzle como a qualquer outra situação, uma relação por exemplo.

"O Homem do Puzzle" é muito mais do que apenas um livro acerca de um passatempo, é também uma viagem introspectiva acerca da essência humana e da busca da felicidade que muitas vezes será inalcançável.

Um livro que vai fazer o leitor ficar agarrado com o seu ritmo rápido e que nos faz pensar bastante e ponderar sobre o que é mesmo a felicidade e porque será que esta é tão difícil de alcançar...