É tarde e sabia que o
devia ter feito mais cedo. Mas ainda é tempo, porque há sempre tempo para ler e
para escrever. Hoje, ainda é dia, e embora os meus dias tenham sido sempre
curtos demais, neste mundo das letras, das palavras, das histórias e dos
sentimentos, não posso negar a ninguém um pedido, quando me pedem que escreva,
e quando esse pedido é um convite tão especial.
Foi mais um dia de sol
e de calor, em meados de Novembro. É estranho, não vos parece? Estas
temperaturas tão altas, num mês como este, que antecede Dezembro, o Natal e a
neve, pelo menos nos nossos sonhos. Mas devo dizer que é reconfortante escrever
com o sol a brilhar do lado de fora. Ora,
tretas! É sempre reconfortante escrever, mesmo com frio e chuva a cair do
outro lado da janela. Podemos escrever sobre sol, quando chove, e podemos
escrever sobre a chuva, quando faz sol. É maravilhoso, não é? Até onde o mundo
das letras nos pode levar? E é de letras que vos quero falar.
Foi neste mês, em 2012,
que dei a conhecer as minhas letras ao mundo. Não vou vangloriar-me, porque
hoje não é o meu dia, é simplesmente o dia do primeiro blog que me leu e
criticou, e que eu descobri por acaso na internet.
Este romance de estreia é surpreendente (...) um livro empolgante
que nos deixa sem fôlego.
Foi esta a
primeira frase que me fez olhar para o Sofá dos Livros e decidir sentar-me nele
a ler o resto. Não conhecia a Liliana, nem ninguém do mundo dos blogues,
confesso, quando li esta crítica, e podem imaginar como fiquei entusiasmada ao
perceber que era a primeira opinião ao meu romance. O que tinha dito eu? Que
não queria vangloriar-me? Sei que já estou a fazê-lo, mas é também uma forma de
vangloriar a Liliana e o trabalho que tem feito com os livros e os autores. São
blogues como o dela que nos levam ao mundo, que nos dão a conhecer, que
transformam as nossas letras em histórias de vida reais, para pessoas reais.
Foi também ela a primeira pessoa a fazer-me uma entrevista sobre os meus
escritos e quero parabilizá-la por este dia tão especial, apenas mais um de
tantos que se seguirão.
Ela
pediu-me que escrevesse um conto, mas saberei escrever contos? Gosto de longos
romances, longos pensamentos e páginas e páginas de palavras e...não sei se
saberia escrever um conto que alguém desejasse ler. É mais difícil do que
parece, pôr tantas palavras e tantos sentimentos em algo tão pequeno. Sou
demasiado descritiva e...sim, é um assunto a pensar, mas a verdade é que ando
tão absorvida nos meus projectos que não tive tempo de pensar em fazê-lo.
Gostaria de fazê-lo bem, não de fazê-lo apenas, e por falta de tempo, escrevo
este texto. Não é um conto, nem uma história de vida, são apenas sentimentos aleatórios
sobre a escrita e a arte que nós, todos leitores e alguns escritores, amamos. A
arte que a Liliana ama.
Já não faz
sol. Ele já não brilha lá fora, nem me aquece a vista e o coração. É noite
cerrada e as estrelas brilham no céu, mas a temperatura está amena, tal como eu
gosto, e sinto-me feliz por estar a fazer também aquilo que amo.
Com um livro
nas mãos, sentados num sofá, podemos viajar para onde desejarmos, com quem
desejarmos e da forma que quisermos. Podemos conhecer pessoas, locais e
histórias de vida que nos marcam, que nos mudam, que nos tornam melhores.
Existe viagem mais impressionante? Neste dia que é do Sofá dos Livros, dos
mundos e das histórias que conhecemos e das vidas que ainda vamos conhecer, só
posso desejar que a leitura seja acessível a todos e que nenhuma criança possa
dizer um dia:
Eu não sei ler.
Que, pelo
menos em dias de festa, o livro seja gratuito e acessível a todos, mesmo
àqueles que não têm posses, porque também esses são gente, com direito a amar e
a sonhar. E é por um mundo melhor que rezo hoje, sentada no meu sofá, com um
livro no colo.
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