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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

[Opinião] "70% acrílico 30% lã" de Viola di Grado (Sextante Editora)



Sinopse:



Camelia vive com a mãe em Leeds, uma cidade onde «o inverno começou há tanto tempo que ninguém é suficientemente velho para saber como era antes». Vivem numa casa assediada pelo mofo.
Ela traduz manuais de instruções para máquinas de lavar enquanto a mãe fotografa obsessivamente mochos de todas as espécies. Um trauma que as une fá-las comunicar através de um alfabeto cheio de olhares. Um dia, Camelia encontra Wen, um rapaz chinês que começa a ensinar-lhe a sua língua. Os ideogramas, dando novos significados às coisas, vão abrir um espaço de beleza e mistério na vida de Camelia. Mas Wen esconde um segredo, que partilha com um estranho irmão que modifica vestidos para lá de uma porta fechada.
Uma primeira obra de grande maturidade, 70% acrílico 30% lã é um daqueles poucos romances que conseguem manter intacta a força da inspiração poética sem renunciar a contar uma história.

Ficha Técnica:

Ano de edição ou reimpressão: 2014

Editor: Sextante Editora

Idioma: Português

Dimensões: 152 x 235 x 14 mm

Encadernação: Capa mole

Páginas: 200

Classificação: Romance

Opinião:

Viola di Grado conseguiu surpreender o mercado editorial aos 23 anos com um novo estilo de escrever. "70% acrílico 30% lã" é um livro negro em que a autora consegue extrapolar cada situação e colocá-la numa situação complicada e dantesca.

Neste livro acompanhamos as desventuras de Camelia e acabamos por sentir toda a loucura que é a sua vida, já que esta história é contada do seu ponto de vista. Honestamente, não me senti identificada por esta personagem, pareceu-me que ela tinha o complexo de vítima e que se lamentava por tudo e por nada e tinha pouca vontade própria e amor-próprio. E esse motivo era o que a leva a meter-se nas mais complicadas situações e acabar por nem sempre as coisas lhe correrem de feição e de forma positiva.

A personagem da mãe está bem conseguida apesar da autora se centrar pouco nesta. A forma como mãe e filha comunicam revela a longa vida que tiveram juntas e uma forma de linguagem muito própria que revela uma proximidade que a personagem principal tenta negar. Mas que a autora torna evidente no romance e que o leitor consegue identificar com facilidade.

No geral, este é um romance que é inovador e com um desenvolvimento incomum. Torna-se por vezes um pouco difícil de se ler e demora algum tempo a interiorizarmos o que a autora pretende em algumas partes.


LilianaNovais