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domingo, 29 de dezembro de 2013

[Opinião] “As Gotas de um Beijo” de Carina Rosa (Alfarroba)


Sinopse:

David é um homem pacato e solitário, desde que o seu casamento de vinte anos terminou. É no stand de automóveis que dirige que afoga as memórias do passado e a solidão do presente. Afastado de casa e dos filhos, é obrigado a gerir sozinho as acções e as escolhas que fez ao longo da vida, nas quais Diana, uma amiga de infância que considera irmã, tem um papel fundamental. Diana é o seu porto de abrigo e o seu braço direito, mas foi mais do que isso durante o casamento agora destruído.

A afinidade entre David e Diana, também divorciada, é quebrada pela chegada de uma mulher ruiva que revela muito pouco de si própria. Laura é atraente e misteriosa e a atracção que sente por David é mútua e intensa. Será ela a mulher doce e simples que aparenta ser?

Entre o stand e a joalharia que os separa, passa a alternar-se a languidez dos dias com a turbulência das noites, e David acaba por se embrenhar num mundo perigoso de segredos, mentiras e traições. Dividido entre duas mulheres, estará David a encaminhar-se para o fundo do abismo?

Ficha Técnica:

1ª Edição: Novembro 2013
Editor: Alfarroba
Colecção: Romance
ISBN: 978-989-8455-83-3
Formato: 21 x 14 cm
Páginas: 244

Opinião:

Este é o segundo livro que leio de Carina Rosa, o primeiro foi “O Intruso”, o qual já foi criticado aqui o blog anteriormente. Tal como no anterior a autora tenta criar um clima de tensão logo no início do livro, se bem que este é mais relacionado para as relações entre as personagens do que é mais orientado para as relações entre as personagens e não tanto para o mistério.

A história começa de uma forma bastante interessante e que desperta a curiosidade do leitor e o leva a querer continuar a ler para saber como é que a personagem chegou àquele ponto. O que é que o motivou. Quanto aos temas abordados são bastante complexos e que por vezes são considerados tabú na literatura. A violência doméstica é um dos temas que a Carina Rosa aborda de uma forma interessante nesta obra.

As personagens que ela criou são mais maduras que as do livro anterior e isso faz com que a evolução da história seja diferente e talvez não previsível.

David é um homem que inicialmente me parece maduro e solitário, a quem a melhor amiga intitula de “Autoritário e controlador”, esta personagem que deveria ser o herói não é cavaleiro andante que estávamos à espera, ele é muito inseguro e também não decide o que quer, anda para trás e para a frente à espera de ver o que vai acontecer. Não gostei particularmente dele, pois parece-me demasiado egoísta e egocêntrico. Pensa que o mundo inteiro gira à sua volta.

Diana está demasiado envolvida com David. Ela vive uma relação tóxica e viciante da qual não consegue sair e que depende desta para ser feliz. Quando David se afasta ela sofre e isso é bem patente no texto.

Laura por sua vez vive uma ilusão com David. Torna a relação num escape para a realidade da sua vida. E isso torna-se demasiado confuso e conflituoso. Vive uma relação de controlo e medo com o marido e da qual tem de escapar rapidamente.

Das três personagens principais a que, para mim, mais evoluiu foi a Diana, vemo-la em várias fases e em diferentes estados de humor. Acaba por ser ela que decide a sua própria vida.

Uma personagem que podia ter sido mais explorada no romance era o César, porque a autora não trata muito dele e acabamos por estranhar a sua participação num dos momentos chave da história.

A autora utiliza muitos flashbacks ao longo da história e por vezes repete algumas ideias mas isso não torna o livro maçador nem complicado.


Um segundo livro bastante interessante e que nos deixa com curiosidade de saber para onde se encaminha esta autora.