sábado, 17 de novembro de 2012

Como se sente um número?

De uma forma ou de outra todos acabamos por ser um número. Eu sou um, estou entre os milhares de desempregados deste país. Este post serve como um desabafo.

Criou-se um estereótipo entre a população geral sobre o que é ser um desempregado. Dizem que gostamos de o ser, de estar em casa sem fazer nada. Mas a realidade é completamente diferente. Nós temos as nossas obrigações. Temos de fazer as apresentações quinzenais, temos de enviar currículos,  temos de ir às convocatórias. Mas isso nem é o pior.

Quem está no desemprego recebe menos do que quando trabalhava. As contas não diminuem, a prestação ou renda da casa, os empréstimos aos bancos para carro ou outras coisas. Quem tem famílias para criar sente-se desesperado e não vê uma solução. Por mais entrevistas a que se vá, a resposta é sempre a mesma, a ausência desta. 

Vemos os dias a passar, as parcas economias acabam e tudo o que podemos fazer e lutar. Olhamos para os nossos filhos e pensamos como é que os vamos sustentar?

Olhamos para as nossas contas e vemos os valores a diminuírem rapidamente, cortamos em tudo. Antigamente, íamos jantar fora uma ou duas vezes por semana, íamos ao cinema; agora nem isso podemos. Tornou-se um luxo, algo desnecessário.

Há cada vez mais pessoas a entregar as casas aos bancos e mudarem-se para casa dos pais. 

Como acham que nos sentimos? Desesperados! Sentimos como se o nosso mundo tivesse sido destruído. Andamos sem esperança. Muitas vezes temos de nos arrastar para sair da cama. O que ainda nos dá forças todos os dias, são os nossos filhos. É por eles que lutamos.

A situação piora de dia para dia e pensamos em como vamos sobreviver depois de acabar o subsídio. Como é que vamos comer? Como é que vamos pagar a casa?

O fosso entre as classes aumenta e a situação apenas tem tendência a piorar. Daqui a algum tempo não existirá classe média, apenas restarão ricos e pobres. E porquê? Porque estamos a pagar pelos excessos de alguns, pelas extravagâncias de um punhado de senhores engravatados que não largam os seus luxos e os seus hábitos. O cenário não muda, repete-se ao longo dos tempos. Aconteceu antes e vai acontecer novamente.

A única coisa que podemos fazer é continuar a lutar e esperar por dias melhores.

1 comentário:

  1. Ir ao cinema, por exemplo, não é um luxo, ou algo desnecessário. Pode é tornar-se em algo que não podemos usufruir por motivos económicos.
    O lazer é necessário para a nossa saúde mental... A crise destrói-nos essa parte.
    Restam-nos os livros que trazemos das bibliotecas.

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