Muitas pessoas perguntam-me como é que
posso ter estudado para astrónoma e ter uma paixão pela escrita.
A verdade é que as
duas são semelhantes. Em ambas temos de usar a nossa imaginação, a linguagem é
que é diferente. Na astronomia utilizamos principalmente números e letras,
enquanto que na literatura juntamos essas mesmas letras para construirmos
frases.
Estas minhas duas
paixões estão presentes na minha vida desde muito cedo. A paixão pela escrita
começou com as histórias que os meus pais inventavam para nos contarem (eu
tenho mais duas irmãs), depois essa função passou para mim. Comecei a inventar
contos para a minha irmã mais nova.
Os meus pais
sempre tiveram imensos livros e enciclopédias em casa, uma das minhas
preferidas tinha um capítulo inteiro dedicado à astronomia, em primeiro via
apenas as imagens e depois comecei a ler e aproveitei ao máximo, cheguei a
saber de cor o que dizia de tantas vezes que o li.
Com o tempo
refinei o meu gosto pela literatura, passei a ler todo o tipo de livros. E
sempre a escrever.
Consegue-se
conciliar gostos diferentes, por vezes pensamos que um cientista não pode gostar
de letras. Mas a verdade é que muitos cientistas escrevem, sejam matemáticos,
sejam físicos.
A ciência e
a literatura têm mais em comum do que se pensa. Se não fosse assim, então como
poderiam os cientistas inventar teorias tão complicadas como a Teoria da
Relatividade, ou mesmo a Mecânica Quântica. Quantos livros de ficção científica
existem? Imensos. Um dos melhores escritores de ficção científica
é Júlio Verne. Quantas das suas ideias são agora utilizadas. Ele
imaginou um submarino, a viagem à Lua, viagens ao centro da terra. Quantos de
nós não nos sentimos inspirados pelas suas ideias e tentamos realizá-las de
alguma forma. Assim a ciência é influenciada pela literatura e vice-versa.
Portanto não é de admirar que se veja um
cientista-escritor.