Sinopse:
Quando Moses Forben, cantor
conhecido como Lo Svizzero, morre, o seu filho Nicolai encontra entre as suas
coisas um maço de papéis. Ao lê-los, descobre o segredo das origens daquele
homem a quem chamava pai, mas que não poderia sê-lo, uma vez que era um castrato,
possuidor de uma angelical voz de soprano.
Richard Harvell escreve num
impressionante registo que nos transmite a vibração da infinidade de sons que o
seu personagem distingue e reproduz com a voz, e recria o grau de
melodramatismo que é a ópera na sua essência. E tal como a voz de Lo Svizzero,
O Canto do Anjo atinge o sublime, vibrante de paixão, dor, coragem e beleza.
Ficha técnica:
Coleção: Grandes Narrativas
Nº na Coleção: 511
Data 1ª Edição: 17/08/2011
Nº de Edição: 1ª
ISBN: 978-972-23-4602-3
Nº de Páginas: 432
Dimensões: 150x230mm
Peso: 477g
Opinião:
Nas aulas de história eu aprendi
acerca dos castrati, e como eles eram
adorados como anjos. Mas nunca compreendi plenamente as implicações deste acto
até ler o livro “O Canto do Anjo” pela primeira vez. O drama e todos os
sentimentos de Moses são relatados ao pormenor nestas páginas. Finalmente percebi.
E o que significa para um homem a perda da sua virilidade e como isso não o
impede de amar uma mulher e a frustração que sente por não se conseguir
entregar plenamente ao amor.
Richard Harvell criou uma
história envolvente e emocionante, repleta de momentos altos que aumentam de intensidade
até atingirem o clímax nos capítulos finais. Criando cenários que nos levam
numa viagem desde as luxuriantes e frias paisagens dos Alpes, às sujas e
escuras ruas de Viena, as quais o autor descreve com uma habilidade
impressionante, não se descurando e permitindo ao leitor viajar com as
personagens. O livro está reletp de descrições sonoras, a respiração, o repicar
dos sinos, a respiração, o cantar do coro. Aos poucos somos levados numa viagem
pelos sons tanto como pela visão.
A minha mãe estava suficientemente bem para se ter levantado sozinha do
chão lamacento e ter subido até aos seus sinos! E estava agora a tocá-los tão
violentamente como se estivesse a bater nas próprias montanhas com os seus
martelos.
Este é um dos momentos onde o
autor associa os sons à acção e que mostra a sua destreza enquanto escritor.
Moses é a personagem principal do
livro, tal como todos os outros está bem desenvolvido, é como um vinho que
levou o seu tempo a amadurecer na pipa. Acompanhamos o seu crescimento, já que
toda a narração é efectuada por ele, conhecemos todos os seus sentimentos mais
íntimos e os seus medos. Toda a narração é do seu ponto de vista e não sabemos
o que acontece às outras personagens quando não estão com ele. ,as a história
não perde com isso, porque acaba por criar uma espécie de mistério acerca do
que se segue.
Em “O canto do Anjo”, a vasta
maioria das personagens são masculinas, o que é resultado da maioria da acção
se passar num mosteiro, isto não torna a acção maçadora. A consequência é tornar
as personagens femininas mais exóticas e mais misteriosas. Como é o caso da
Amália, a sua amiga de infância, que quando aparece nas páginas do livro domina
todos o espaço e acaba por tomar posse de tudo e da nossa atenção. Queremos sempre
saber mais acerca dela e, aos poucos, o autor revela-nos o que queremos saber.
Em “o canto do Anjo” aprendemos o
verdadeiro sentido da amizade e do amor. É uma bela história, por vezes
demasiado crua, que nos ensina que a vida nem sempre corre como planeamos. Um livro
que se devora da primeira à última página e nos deixa a desejar pelo próximo
volume.
Uma aposta da Editorial Presença,
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