1.
De
onde vem a sua paixão pela escrita?
Penso que está, e esteve desde sempre, muito
ligada ao meu gosto pela leitura, aliás como é habitual acontecer, na maioria
dos casos. No entanto, reconheço que os anos de “apogeu” das minhas leituras
foram os da infância e adolescência, em que já escrevia, de vez em quando. Com
a vida adulta, outras responsabilidades de vária ordem empurraram a leitura e a
escrita para 2º ou 3º plano. Sempre escrevi mas, ultimamente com muito mais regularidade
porque, conscientemente, decidi retomar algumas actividades de que sempre
gostei e que andaram “adormecidas”, talvez pelos compromissos e rotinas da vida
prática.
2.
Quais
são as suas influências literárias?
Não sei, conscientemente, responder.
Independentemente do autor, de certeza que sou influenciada por qualquer texto
escrito num estilo claro, equilibrado, rico em recursos expressivos
pertinentes, versatilidade na narrativa e que transmita um excelente domínio da
língua … acho que só assim é possível aliar eficazmente simplicidade e
criatividade.
3.
Como
é que gere a sua vida pessoal com a sua escrita?
Muitas vezes, com alguma dificuldade, não só
com a vida familiar e pessoal mas, principalmente, com a vida profissional;
frequentemente, planeio ocupar uma hora diária para escrever e, como
professora, trago trabalho para fazer em casa e, nesse caso, tenho de lhe dar
prioridade.
4.
Porque
é que escolheu que a acção se desenrolasse numa cidade pequena?
Escolhi como cenário da acção uma vila piscatória
porque se impunha que, pelas condicionantes do protagonista, fosse um local
pacato e, por outro lado, sendo eu natural da Nazaré, outra terra de
pescadores, tive logo uma fonte de inspiração para a caracterização de algumas
personagens.
5.
Qual
foi a sua personagem preferida?
Gostei particularmente de criar as de Tiago
Murraças e Otília Laranjo, talvez por terem os traços mais marcantes, positivos
ou negativos.
6.
Qual
foi a personagem que mais lhe custou a criar?
Penso que talvez tenha sido a de João Pirico …
adequar o seu comportamento e reacções às especificidades da personagem, que se
afastam da norma. Eu estava bastante limitada ao tencionar atribuir-lhe um
papel com alguma relevância no enredo, mas julgo que acabei por encontrar uma
maneira credível de tornar importante a interacção dele com o protagonista, no
auge do suspense.
7.
Como
é que acha que se adaptou ao género romance?
A
escrita de um romance é muito mais exigente do que qualquer outro género,
dentro da ficção, no aspecto de ter de se fazer quase um guião prévio com o
respectivo “elenco” de personagens; acredito que haja autores que não precisam
de planear dessa forma, mas é assim que me oriento, porque assim é muito mais
fácil terem-se as “rédeas” da trama, mesmo que, por vezes, continue a ter-se a
sensação de que algumas personagens ganharam vida própria.
8.
Como
tem sido a resposta do público?
A
resposta dos leitores, a que me tem chegado desde a edição do livro, há 7
meses, tem sido para mim a melhor possível … eu não tinha nenhuma expectativa à
partida, nem positiva nem negativa, pelo que tem sido muito gratificante
receber elogios ao meu 1º romance vindos de leitores que não conhecia antes nem
eles a mim … além, claro, do apoio de alguns amigos que para mim são muito
importantes; agradeço a todos eles. Esse tipo de reacções incentiva-me ainda
mais a continuar mas também aumenta a minha responsabilidade.
9.
Tem
participado em várias antologias, pode falar um pouco sobre elas?
Agradeço
à “Pastelaria Estúdios Editora” a oportunidade que me tem dado de ir divulgando
a minha escrita através dos desafios que propõe periodicamente aos autores,
levando-os a participarem nesse tipo de projectos que são as edições das
colectâneas de contos, cada uma sobre um determinado tema; participei na
“Ocultos Buracos” (Terror e/ou Insólito) e na “Beijos de Bicos” (Histórias de
Amor). A convite da “Chiado Editora”, a quem também agradeço, participei
recentemente na antologia de poesia “Entre o Sono e o Sonho”, e em Abril
próximo participarei na antologia “Poesia sem Gavetas”, da “Pastelaria Estúdios
Editora”.
10.
Está
para lançar um novo livro, quer levantar um pouco o véu?
O meu
objectivo é concluí-lo até ao final deste ano. Já tem título, “Teias
movediças”. Em comum com “Segredos da Praia das Camarinhas”, tem o facto de ser
outro romance-thriller; os locais da acção e as experiências de vida das
personagens são quase o oposto dos do 1º romance, na medida em que se movem num
espaço urbano.
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