Sinopse:
Borboletas Nocturnas conta-nos as
histórias paralelas de um pai e de um filho, separados ao longo dos difíceis
anos do Pós Segunda Guerra Mundial. O pai, Cornelius, um comerciante holandês,
foi libertado de Auschwitz, preso pelo exército russo sob a acusação de
espionagem, deportado para Minsk e Moscovo para tocar numa banda de jazz, para
depois ser enviado para um Gulag onde encontra o filho que praticamente
desconhece. O filho, Dolboy, foi criado por uma tia numa quinta na Holanda,
onde passava os dias a correr pelos campos. Um dia a sua corrida levou-o a um
castelo habitado por borboletas nocturnas e por uma estranha rapariga que faz a
criação destes animais. Original e absorvente, Borboletas Nocturnas é um
romance sobre pessoas que são constantemente obrigadas a improvisar na vida,
sobre regeneração e coragem para agarrar oportunidades.
Ficha Técnica:
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 314
Editor: Livraria Civilização Editora
ISBN: 9789722624947
Opinião:
Este é um livro muito surpreendente.
Karl Manders utilizou as suas próprias experiências para criar um livro
extremamente realista.
Em “Borboletas Nocturnas”
acompanhamos a trágica história de um pai e de um filho, a qual foi marcada pela
Segunda Guerra Mundial. A verdade crua acerca do Gulag é mostrada e o grau a
que um ser humano consegue descer para sobreviver e os efeitos que isso tem numa
pessoa. A sinopse fica muito além da qualidade que o livro apresenta.
Falemos das personagens.
Cornelius é um homem bondoso que acaba envolvido numa situação complicada e
acaba por pagar na pele por algo que não fez. Assistimos à destruição dele,
passando a ser apenas uma sombra do homem que era. Dolboy, o filho, começa como
um bebé e acompanhamos o seu crescimento até se tornar um homem diferente do
que o seu pai era, mas também ele bondoso. Assistimos a sua evolução, a
adolescência e a descoberta da sexualidade. As personagens secundárias estão
pouco desenvolvidas e acabam por servir de plano de fundo a toda a história.
Quanto à forma de escrever do autor, é
bastante directa e forte. As descrições são curtas e directas: “Dolboy olhou
para o espelho e viu um quarto iluminado por candeeiros com quebra-luzes de
franjas em tons pastel. Viu paredes às riscas verde-musgo e rosa, pontuadas de
estampas de querubins: querubins com lágrimas nas faces, querubins a lamber
compota das colheres de pau, querubins com punhados de flores, inocentemente
rasgadas. Habitava um reino de criaturas encantadoras, reunidas para lhe
recordarem do seu propósito que era a representação de uma vida irreal, a vida
de um brinquedo. Olhou para o espelho e viu uma criança imaculada, com delicado
cabelo a esvoaçar em ondas esculpidas, as maçãs do rosto cheias e perfeitas, os
lábios lembrando uvas sobre um queixo marcado por uma covinha. Olhou para os
espelhos dos seus olhos espelhados e deleitou-sena inocente ventura de nada
desejar. E depois tudo desapareceu.”
É um livro viciante e de fácil
leitura.
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