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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Entrevista ao Miguel Aires-Lisboa

Olá,
Eu hoje trago-vos uma entrevista a um autor português, O Miguel Aires-Lisboa. O seu livro "100 graus celsius" já foi criticado aqui no blog.
Espero que gostem.














1.       “100 graus Celsius” não é o seu primeiro romance. Qual foi o tema do primeiro?

               É de facto o meu primeiro romance.

2.       Sempre teve paixão pela ficção científica?

Sim. E por “romance noir” e anti-heróis que para mim são muito mais interessantes do que os heróis clássicos impolutos de armadura brilhante. Os anti-heróis têm defeitos e virtudes, são tão humanos como qualquer um de nós. E são bem mais românticos.

3.       Como gere a vida profissional com a escrita?

Bem, até porque actualmente a escrita está algo inactiva.

4.       Para o seu livro fez muita pesquisa?

Fiz muita pesquisa. A astronomia e a física não são as minhas áreas profissionais. Tinha que criar factos plausíveis, sob o ponto de vista científico, e depois ficcioná-los. Essa é a ficção científica que eu gosto mais, a que pode alterar a nossa percepção do real. E gostei muito de criar a linha narrativa.

5.       De onde surgiu a ideia?

Em primeiro lugar, foi a resposta à pergunta “O que é que eu gostava de ver num filme de ficção científica e ainda não vi?”. Depois foi o facto de vivermos numa economia global falaciosa que assenta na exploração e no comércio do petróleo, que neste momento já é praticamente dispensável. Num futuro não muito distante, o bem mais precioso vai ser mesmo a água. Penso que nessa altura as regras que se aplicam actualmente ao comércio do petróleo serão as aplicadas ao comércio da água, com o melhor e o pior dos seres humanos a vir ao de cima. 

6.       O livro é deixado em aberto, vai ter continuação?

Ainda não sei… É engraçado, não considero que seja um final tão em aberto quanto isso. Mas o livro tem uma prequela e faz parte dum projecto global que gostaria de concluir um dia e que passa por uma reedição do “100 Graus Celsius”.




7.       O livro começa com um tom pessimista, e acaba com uma luz ao final do túnel por assim dizer. Pode-se entender que é como vê o mundo?

É verdade. Acredito que por muito má que a nossa realidade nos pareça, se recorrermos ao melhor de nós, e que é sempre a nossa capacidade de criar, podemos superar qualquer problema. Nunca podemos deixar de acreditar nisto, é um dever que temos perante nós próprios e perante as pessoas para as quais somos importantes.

8.       Qual é a sua personagem principal?

Lourenço Rios. Mas fico contente por existir essa dúvida, é sinal que as personagens têm profundidade e complexidade.

9.       Quanto tempo demorou a escrever o livro?

Quase três anos, entre 2006 e 2009.

10.   Como tem sido a recepção do público?

Boa, sobretudo tendo em consideração as limitações da Editora. Não é fácil a primeira edição duma primeira obra numa Editora independente.


Agradeço o convite e a oportunidade de falar sobre o meu livro. Espero que gostem tanto de o ler como eu gostei de o escrever.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

[Opinião] “100 Graus Celsius” de Miguel Aires-Lisboa (Chiado Editora)




Sinopse:

Em Agosto de 2013 apareceu no Céu o Grande Sol, a Nova Solar. Enquanto a superfície do planeta ardia e a maior parte da sua água se evaporava, a loucura apoderou-se das nações e uma guerra termonuclear sem precedentes fustigou ainda mais a Terra moribunda. A Humanidade à beira da extinção foi salva pela ciência. Quase dois séculos e meio depois, Lourenço Rios, açoriano e ex-detective particular, aceita um último trabalho que o faz percorrer parte do que resta do mundo e as novas colónias do sistema solar à procura de si próprio, de justiça, e até mesmo de Deus e da origem da Vida. É neste cenário pós-apocalíptico, onde as viagens interplanetárias são tão banais quanto necessárias, que se desenrola toda uma intriga que nos leva da Terra a Marte, e às luas geladas de Júpiter onde o comércio de água, o bem mais precioso do Universo, dita as suas leis. E o mundo? Será que começa e acaba sempre quando um homem e uma mulher se apaixonam? E será possível amar no Inferno?

Ficha técnica:

Edição/reimpressão: 2010
Editor: Chiado Editora
ISBN: 9789898222787

Opinião:

“110 Graus Celsius” leva-nos de um mundo pós-apocalíptico onde a humanidade luta pela sobrevivência. O sol transforma-se numa Nova, a camada de ozono desaparece e a Terra fica à mercê dos prejudiciais raios ultravioletas. Quase sem água e com o Oxigénio a escassear, são tempos desesperados.
Quanto ao livro em si, a ideia está muito interessante e as consequências do “ desastre” muito realistas. O ritmo do livro inicia lento mas vai acelerando com avançar da história. Apesar de ter alguns termos científicos, Miguel Aires-Lisboa, conseguiu criar um romance acessível a todos os leitores.
O mundo é bastante realista e as descrições dos cenários são curtas mas eficazes. Somos facilmente transportados para Marte, Io e para outros tantos lugares. Achei bastante prática a solução para o problema da duração de uma viagem interplanetária e as escolhas que não dadas aos passageiros.
As personagens são bastante interessantes, é bem evidente que todas têm um passado, mesmo que não esteja implícito no livro. Estão bem desenvolvidas e “não caem do céu” todas têm uma razão de existir.
O livro em si tem algumas gralhas. São coisas simples como por exemplo hífens fora do sítio, coisas que passam despercebidas facilmente numa revisão. Isto não afecta de modo nenhum a leitura do mesmo.
O final, esse está bastante interessante. Vemos a evolução de Lourenço Rios, será que a viagem o irá mudar? O que é que ele descobrirá acerca de si próprio?
Um livro para quem é amante da ficção científica e para curiosos.