Eu hoje trago-vos uma entrevista a um autor português, O Miguel Aires-Lisboa. O seu livro "100 graus celsius" já foi criticado aqui no blog.
Espero que gostem.
1.
“100 graus Celsius” não é o seu primeiro
romance. Qual foi o tema do primeiro?
É de
facto o meu primeiro romance.
2.
Sempre teve paixão pela ficção científica?
Sim. E por
“romance noir” e anti-heróis que para mim são muito mais interessantes do que
os heróis clássicos impolutos de armadura brilhante. Os anti-heróis têm
defeitos e virtudes, são tão humanos como qualquer um de nós. E são bem mais
românticos.
3.
Como gere a vida profissional com a escrita?
Bem, até porque
actualmente a escrita está algo inactiva.
4.
Para o seu livro fez muita pesquisa?
Fiz muita
pesquisa. A astronomia e a física não são as minhas áreas profissionais. Tinha
que criar factos plausíveis, sob o ponto de vista científico, e depois ficcioná-los.
Essa é a ficção científica que eu gosto mais, a que pode alterar a nossa
percepção do real. E gostei muito de criar a linha narrativa.
5.
De onde surgiu a ideia?
Em primeiro
lugar, foi a resposta à pergunta “O que é que eu gostava de ver num filme de
ficção científica e ainda não vi?”. Depois foi o facto de vivermos numa
economia global falaciosa que assenta na exploração e no comércio do petróleo,
que neste momento já é praticamente dispensável. Num futuro não muito distante,
o bem mais precioso vai ser mesmo a água. Penso que nessa altura as regras que
se aplicam actualmente ao comércio do petróleo serão as aplicadas ao comércio
da água, com o melhor e o pior dos seres humanos a vir ao de cima.
6.
O livro é deixado em aberto, vai ter continuação?
Ainda não sei… É
engraçado, não considero que seja um final tão em aberto quanto isso. Mas o
livro tem uma prequela e faz parte dum projecto global que gostaria de concluir
um dia e que passa por uma reedição do “100 Graus Celsius”.
7.
O livro começa com um tom pessimista, e acaba
com uma luz ao final do túnel por assim dizer. Pode-se entender que é como vê o
mundo?
É verdade.
Acredito que por muito má que a nossa realidade nos pareça, se recorrermos ao
melhor de nós, e que é sempre a nossa capacidade de criar, podemos superar
qualquer problema. Nunca podemos deixar de acreditar nisto, é um dever que
temos perante nós próprios e perante as pessoas para as quais somos
importantes.
8.
Qual é a sua personagem principal?
Lourenço Rios.
Mas fico contente por existir essa dúvida, é sinal que as personagens têm
profundidade e complexidade.
9.
Quanto tempo demorou a escrever o livro?
Quase três anos,
entre 2006 e 2009.
10.
Como tem sido a recepção do público?
Boa, sobretudo
tendo em consideração as limitações da Editora. Não é fácil a primeira edição
duma primeira obra numa Editora independente.
Agradeço o convite
e a oportunidade de falar sobre o meu livro. Espero que gostem tanto de o ler
como eu gostei de o escrever.